segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Tornei-me um ébrio, na bebida tento esquecer... A um palhaço...

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Domingo plácido e caloroso, feliz por chegar ao TAC, no centro de Floripa exatamente as 20h e inda ter ingressos disponíveis para a função de Palhaços, com direção de Marcelo Serra. O espetáculo faz parte da programação da Invasão Teatral – Mostra Cênica de Desterro, que acontece de 1º a 8 de fevereiro com
apresentação de 29 espetáculos.

Surpresa! Estávamos para assistir poucas pessoas. Assisti acompanhado de uma amiga que dormia o espetáculo quase inteiro, somado a 4 casais e um simpático rapaz de óculos, mão no queixo e expressão de intelectual. A nós se juntaram 2 senhoras que chegaram após o inicio da função.

A métrica arrastada das interpretações soavam como uma música monocorde, que causou por várias vezes a desatenção do público. Em momentos dos largos monólogos do palhaço, personagem central da trama, era visível que a falta de variações nas inflexões do mesmo soavam como um jogral e não a uma atuação.

O texto não era de um grande impacto dramático. Uma dramaturgia um tanto que previsível auxiliou a cadencia não fluente que terminou por não cativar o público.

Palhaços se propõe a ser um drama ácido e inusitado, escrito e ambientado no início da década de setenta, auge da ditadura militar. Como o próprio autor, Timochenco Whebi escreveu. O confronto de duas situações humanas: o homem integrado dentro do status quo aspirando a tradicional caminhada ao topo, e o homem-artista-ator, cujos valores encaminham-se contra a média, contra a estabilidade”.

Com um estilo que aparenta buscar o naturalismo a montagem peca pelo excesso de non-performace. Principalmente por parte do ator que interpreta o palhaço careta, que em algo chamou a atenção por beber algo que simularia cachaça ou vodka e não transparecer-se ébrio na cena. 

Fui eu então ao fim tomar uma cerveja, para ver se o álcool do mundo real me ajudaria a sentir outra vez a magia... do circo...

Comecemos a assistir mais o teatro local, claro, sempre lembrando que gosto é um juízo de valor particular e que na multiplicidade de estilos que se começará a formar um público cativo para o teatro catarinense.

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