segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Todo esse Jazz da Chicago Ilhéu

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Hoje fiz um programinha yankee. Fui a um musical estilo Brodway, na saída fui tomar um milk-shake, antes de chegar em casa passei no super market e comprei uma Pepsi e um hamburguer de microondas.

Prestigiei a livre adaptação de Chicago – A Musical Vaudeville, livro de Fred Ebb e Bob Fosse, sob a direção de Ana Luiza Koerich Rios e Marina Soares, pois havia me comprometido com um dos atores a estar presente e assim segui minha saga no festival Invasão Teatral - Mostra Cênica de Desterro. E eu que pensava que seria "do" Desterro.

Menos sofrível que o último espetáculo que presenciei (Leia aqui a crítica sobre Palhaços) no mesmo festival. All That Jazz nome da adaptação é resultado das disciplinas de Prática de Direção 1 e 2 - 2013 (da Udesc - Dado este não aclarado no programa do espetáculo entregue a entrada ao público).


Realmente o entorno de 150 a 200 pessoas no TAC em sua maioria familiares, curiosos, fãs de musicais americanos e colegas de faculdade. Para este quase público interno, que calorosamente aplaudia como torcida de futebol ao final de cada número, o musical foi apresentado o musical nesta terça, 03/02.

A excelência da montagem e o que mais reluz é a qualidade vocal e afinação dos cantores e cantoras. Em apenas 3 oportunidades durante 1 hora de espetáculo houveram semitonadas imperceptíveis a platéia presente. Duas destas da melhor cantora do espetáculo, que interpreta a personagem Mama, ou algo assim. Pois, não consegui entender claramente as partes faladas do espetáculo, o ponto crítico de All That Jazz.

Salve duas exceções, Mama e o detetive, as personagens não tinham uma desenrolho muito profundo. Tradicional dos musicais ao estilo americano que tem foco majoritariamente nas coreografias e canto o musical catarinense segue a receita do bolo. Muito mais no canto e salve, salve, com instrumentos ao vivo muito bem executados(piano, bateria e baixo).

Pode-se dizer que o trabalho psico-físico não estabelece-se com clareza pelas cenas, que são desenhadas apenas para consturar as canções e pela ausência de personagens mais claramente construídas.

Boa música e atuações fracas

Mesmo sem microfones as vozes mesmo nos solos luziram bem, deixando mesmo a única ressalva para as falas. Nas cenas não cantadas o espetáculo fazia com que parte do público mudasse de expressão automaticamente. Com uma trama clichê de musicais e cabaré, não se pode dizer que pela baixa voz e expressões lineares da maioria dos atores tenha-se comprometido o entendimento da peça, mas poderia ter divertido um pouco mais os espectadores caso este quesito também tivesse sido cumprido.

A íngua da língua

No meu caso por não falar inglês e ser completo abstêmio da língua saxônica, ao receber o programa com a letra das músicas traduzidas me animei. Me iludi ao pensar que as músicas seriam cantadas em português, seguindo as adaptações de êxitos norte-americanos no eixo Rio-São Paulo.

Fora boa a intenção de entregar as letras de canções traduzidas ao público, modelo utilizado em algumas óperas pelo mundo, tradicionalmente ainda cantadas em italiano. O drama para as pessoas que como eu não sabem inglês era enxergar as traduções no escuro durante a apresentação.

Volume um problema para o musical

Eis um espetáculo que terá um caminho a seguir. Com um apoio, um patrocínio pode-se incluir microfones sem fio para os atores o que poderia uniformizar melhor o desempenho irregular dos atores entre falas e canto. E seria muito interessante um sistema eletrônico de legendas como utilizado atualmente em grandes óperas traves de leds similares ao de placas de avisos em agencias bancárias.

Veja também o artigo
Arte catarinense: Diferentes sempre, inimigos jamais!
Palhaços: Tornei-me um ébrio

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