domingo, maio 12, 2013

Nós e um laço, eu e o teatro

Fernando Schweitzer, Joinville - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista


Uma cidade diferente, onde ao pisar na faixa de pedestre os carros param. Essa é Joinville, da surpresa com a sociabilidade do joinvillense, a um teatro surpreendente e com público, mesmo em dia de espetáculo com figurões de tarimba e robustos patrocínio de "nível nacional".

Muitas vezes desejamos encontrar, apenas, e nada mais do aquilo que desejamos encontrar. Tento ir ao teatro e não pensar como ator, menos como bicho de teatro. Em um segundo momento tenho o costume de tentar deixar-me levar pelas reações do público. Neste caso foi fácil... Haviam dois espelhos em cena, em diagonal, estética construída pela direção de Nós e um Laço. Lucas David ousa no quesito conceitual. Esse termo define como uma risca de giz traçada no chão para hipnotizar uma galinha. O traço vertiginoso de um teatro não usual.

Talvez o único pecado do espetáculo seja sua fortaleza. Uma obra com 2 atores que não está em momento algum focada nos atores. A força física como argumento e artifício. A medida que as personagens vão se conhecendo dentro de uma constante e quasimoda relação seus atos corporais passam a ser as personagens, dentro de uma lógica composta pela emoção da força atrito entre as protagonistas.

A reação do público inicialmente é de um estranhamento óbvio, ao iniciar do espetáculo. O estilo teatro dança não tem como vi-és uma narrativa linear, costumeira ao espectador. Este mesmo estilo vai aos poucos rompendo a expectativa de uma história de senso comum. O romance óbvio passa a conflito quando as personagens passam a usar o público como confidente. 

Um teatro fora dos padrões no estado, esse é o ponto desequilibrante de Nós e um Laço. O caminho é mais difícil que o caminhar. Uma direção segura, ao ponto de por instantes soar artificial na sua discursividade, mostrando a mão do diretor em alguns momentos mais que o próprio trabalho dos atores. Conceitos e força são o que chamam ao espetáculo. Uma muita boa experiência dentro do universo teatro autoral conceitual.

O espetáculo segue em cartaz no Galpão de Teatro da Ajote, Joinville. Esperemos que siga em cartaz e alcance outras cidades. O diferente mesmo quando se faz parecer em sua propaganda igual, pode ser a salvação para o teatro catarinense. Assim podendo fugir-se do feijão com arroz do teatro global versus teatro local. Nós e um Laço é teatro e ponto.

Sinopse:

Ornella é uma mulher independente, designer de moda bem sucedida que busca um sonho mais alto: ter sua própria grife . Edvaldo é um chef de cozinha que sonha viver um grande amor. O encontro casual no Espírito Santo dá início a um relacionamento. Surgem, então, pequenos obstáculos, revelações do passado, rotina e divergências de interesses. Nós desatam. Laços ficam.

Ficha Técnica: 

Direção, Concepção de Cenário e Figurino e Operação de Luz: Lucas David
Elenco: Jonas Raitz e Juliana Araújo
Confecção de Cenário e Figurino: Adriane Ourício, Ângelo Marcos , Celinha , César, Jonas Raitz, Juliana Araújo, Lucas David e Mazza. 
Concepção de Luz: Flávio Andrade e Lucas David 
Dramaturgia: Jura Arruda 
Direção Musical: Juninho Salves 
Direção de estúdio: Erivan Piazera 
Consultoria em Dança de Salão: Francine Borges e Maycon dos Santos 
Fotografia: Renan Bejarano 
Designer Gráfico: Ronaldo Diniz 
Material Audiovisual: Hélio Costa 
Produção Executiva e Operação de Som: João Daniel Zanella

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